Canto do escritor:
Sente-se e sinta-se à vontade!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Esperar a chuva passar? ( 2° parte)




Um dos muitos hábitos de Dan é nunca acordar antes do meio-dia. Hábito este já enraizado em sua pessoa, desde criança ele é uma pessoa notívaga. Quase vinte e oito anos e ainda mora com os pais, mora com os pais não por necessidade, muito mais por comedes, aqui não tem que se preocupar com nada além de sua própria vida. O dia acordou molhado, o barulho da chuva lá fora o aquece e o incomoda. Parece que esse dia chuvoso acompanha o humor de Dan, que especialmente hoje está mais obscuro que o costumeiro. Sua ex-namorada, Audrey passou parte da noite com ele ao telefone, falaram como amigos que são, e mesmo ele percebendo um traço de esperança na voz da moça, quanto mais ela se animava com a conversa mais ele se afastava dela. Acordou cedo, muito cedo, está evitando as pessoas. Há uma movimentação agitada em sua casa, conversas intermináveis, e nada disso faz bem a seu espírito. Pensa em ligar para Caio, reluta com sua consciência, mas acaba ligando. Algo desmorona dentro de si por não ser atendido. Deita-se em sua cama fecha os olhos se esforça para dormir. Ele quer muito um sonho bom e prazeroso. De repente o cheiro de Caio após uma partida de futebol invade o aposento. Nem percebe mais ele está mordendo as orelhas do primo, beijando suas costas, deslizando a mão pelas curvas e músculos, declarando-lhe palavras de um amor sexual suavemente em quanto se movimenta para dentro do corpo de Caio. Dan movimenta-se cada vez mais rápido, está sem fôlego, está extaseado, fica imóvel. Ao terminar percebe que ontem à noite fora bem mais que um flerte inocente entre primos, percebe que está amando, e Dan não é do tipo de homem que se engana com os próprios sentimentos. Está suado, vermelho, sujo. Precisa relaxar, precisa de um banho.
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Alonso dos Andes

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Esperar a chuva passar?



os pingo da chuva molham as horas deste dia em que Caio pára para analisar os últimos acontecimentos de sua vida. Ele sempre acha bom quando os dias começam com a chuva. No quarto que um dia foi de seus genitores, ele resolve se fantasiar de "papai" igual quando era criança, e seu pai era o seu maior herói. Ele está tão pitoresco com os óculos sem lentes e as enormes roupas. Aquele vazio anterior volta junto com a chuva, pois tudo naquele local lembra seus falecidos pais. Então, agora o rapaz percebe um fato novo em sua vida, óbvio, mas que apenas agora percebeu, ele tem dezoito anos e é órfão. Um órfão. Repete algumas vezes a palavra para senti-la de varias formas. Os pensamentos voam até Teresa, a namoradinha, mas tudo entre eles é tão imaturo, tão frívolo, tão no inicio de um relacionamento. Pensa mais  um pouco nela e fixa seus olhos nas gotas de chuva que lutam na janela. Não quer pensar em mais nada por hoje. O letárgico Caio percebe tardiamente que o telefone toca, mas saiu do transe em tempo de ouvir a campainha tocar. Dom fez uma careta interrogativa ao ver o amigo com aquelas roupas, mesmo pergunta que recebeu ao ser atendido, o recém-chegado está vestido totalmente de preto, segurando um enorme guarda-chuva vermelho e sua inseparável mochila da sorte. 
- Eu senti que tu estas precisando de mim, por isso que estou aqui. Outra coisa, tu precisas trancar o portal principal da casa, vai que entra um lunático.  - Caio sorri alegremente e já faz mais de uma semana que ele não ria, era o poder de seu amigo. Sem perder tempo ele pergunta sobre a viagem e o retorno tão cedo de Dom.
- Ontem eu senti que tu precisavas de mim, então peguei o primeiro vôo direto pra cá. – Realmente Dom parece exausto, até seu sorriso está cansado, a mochila está pesando muito em suas costas. O anfitrião lhe sorri desajeitadamente, aquele amigo fiel pressentiu algo, e passou a noite toda sem dormir em um avião apenas para ajudá-lo. OS dois se conhecem desde crianças e até hoje estudam juntos na mesma turma. Caio conta sobre o falecimento de seu pais e passa a interrogar o amigo.
- Dom, tu já se arrependeu de ter transado alguma vez?
- Muitas vezes quando eu era mais novo e religioso, me culpava muito.
- Tu já transaste bêbado?
- Já aconteceu algumas vezes, mas eu não estava tão bêbado assim.
- Faz muito tempo que tu fizestes sexo pela primeira vez?
- Cerca de quatro anos atrás.
- E Dom, qual tu opção sexual?
- Orientação,  Caio. Sou hetero, até onde eu sei.
- Tu já beijastes algum ...bem, algum cara?
- Lembra quando acampávamos com os escoteiros, e eu fiz aquela aposta, perdi.Pois bem eu tive que beijar o chefe dos escoteiros, nunca mais deixaram eu voltar. Essa foi a única fez, mas foi só um beijo. – Dom espera um pouco e ao perceber que não veria mais perguntas e que Caio apenas balançava a cabeça positivamente, ela aproveita para tentar ajudar o amigo: - Meu bom, o que está te incomodando?
Enquanto o visitante enche um copo de bebida o anfitrião respira longa e pausadamente: - Eu vou te contar uma coisa. – Então ele conta tudo o que houve entre ele e oprimo nos últimos dias.
- Tenta lembrar dos fatos todos em ordem, me conta o que tu lembras.
- Eu lembro que ele me levou até o quarto, me despiu, se despiu e me banhou. Lembro que eu fiquei olhando para os olhos, para a boca, ai eu toquei os lábios dele e ele riu, então eu o beijei, e ele me beijou, depois disso não lembro de mais nada.
-Não acho que tenham transado, relaxa, tu ainda é o virgem da turma.
- O beijo que eu dei nele me torna gay?
- Bem, um beijo ou até mesmo sexo não torna ninguém gay ou hétero, mas o fato de tu desejar sexualmente teu primo e mais que isso está apaixonado por ele te faz no mínimo bissexual, relaxa cara, isso é muito normal.
 - Apaixonado?!
- Bem, se tu quiseres ter um relacionamento, tipo namoro com ele, tu vai ter que se preparar para as coisas que as pessoas, as mais próximas inclusive, vão dizer, coisas do tipo; “eu sabia que ele era’’, ‘’ele nunca me enganou com aquele jeitinho’’, “bicha escrota”,  entre tantas outras coisas até mais pesadas que essas. Se prepara para as caçoadas e risinhos e pra pessoas tentarem te humilhar,  elas vão achar que tu és todo errado, um perigo para elas.
- E tu já sabia que eu era?
- Impossível de saber por dois motivos, primeiro que tu nem sabia que gostava de homens até ontem, e segundo, eu não ligo para a sexualidade das pessoas, não me interessa saber com quem as pessoas andam transando, apenas me interesso por quem divide a cama comigo. Eu nunca iria rir das pessoas por elas serem elas mesma.
-Em todo caso, podemos namorar escondido, o que achas?
- Por quê? Tu não estas fazendo nada de errado, se fosse comigo eu não ligaria para os outros, por mim cada um cuidaria de seus assuntos e todos viveriam bem.
-Eu quero vê-lo, quero vê-lo todos os dias da minha vida.
- Que gracinha, ele está todo apaixonado, parece que encontrastes um grande amor. Eu sinto isso. Tenho uma idéia, convida ele para almoçar aqui hoje contigo. Eu mesmo preparo o almoço, assim aproveito e dou uma boa olhada nele. Liga pra ele, mas liga direto pro celular dele.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Agridoce (continuação)

 

Dan se senta confortavel em uma poltrona e fixa seus olhos no primo envolto no lençol. Silenciosamente Caio conta as roupas no chão para ganhar tempo e tentar etender  a situação, o rapaz  está ofegante, os pensamentos são confusos. Há em Caio uma mistura de sentimentos e sensações.
- Menininho, tu podes olhar para mim um momento? - Caio juntou coragem, após investigar suas lembraças na tentativa  falha de lembrar o que houve, ele encara o primo por um momento. Dan por sua vez está com a sua costumas seriedade menlancólica, está com o coração a mil e todo despedaçado.
-Caio, eu estou seriamente preocupado contigo. Tu ficas aqui, preso, bebendo o dia todo, sem comer, sem receber ninguém. Eu não quero que nada de mal te aconteça. Principalmente agora que... - Dan é daqueles tipos de homens formais, sisudos, do tipo que raramente riem à toa, que se consideram sensatos; ele carrega uma doce e cativante melancólia nos olhos. Agora há uma chama em seu peito o consumindo e ele não sabe como abrandá-la. 
-Principalmente agora que o quê Dan? Não estou entendendo essa conversa. - Bem, Caio é do tipo calmo e temperado no calor da paciencia, raramente se aborrece com algo, algumas pessoa poderiam se assustar ao ouvi-lo falar tão forte desse jeito.Mas nada saber sobre suas suspeitas da noite anterior o está aborrecendo.Caio quer muito saber o que esta acontecndo com ele neste momento. - Dan... houve algo entre nós...ontem à noite?
A pergunta pega Dan de surpresa. Ele ri desajeitadamente, respira fundo: - Não houve nada, nada além do que devereia ter acontecido entre dois primos, dois amigos. Meninhinho, o que tu achas que aconteceu?
Caio por um momento não soube se era pior não ter acontecido nada ou ter acontecido algo entre os dois. Afinal de contas ele é hetero e Dan também. Até agora nunca fora conjuntado a possibilidade de fazer sexo com outro homem, mas ele está totalmente angustiado com fato de não ter transado com Dan.O rapaz desaba sobre a cama.
- Não aconteceu nada então?! - Algo dentro de Caio deseja fortemente o primo, ele o quer muito, mas não sabe como, não consegue indentificar a estrutura desse desejo, e quando percebe como o deseja tenta renegar os próprios pensamentos. Dan se deita ao seu lado, de olhos fechados o pobre desolado rapaz sente o calor do corpo alheio como sendo labaredas terriveis que lhe doem a pele. Ao abrir os olhos se depara com os raios solares iluminando o rosto do seu desejo tornando ainda maior e mais linda a  confusão.
-Caio, levanta. Nós vamos almoçar.
-Obrigado, não estou com apetite.
- Tem que se alimentar direito, tu não podes ficar sem comer, meu bem. -Fanzendo carinhos com os dedos no rosto de Caio que recebia o afeto de uma forma estranha, com o rosto fechado e os lábios apertados um contra o outro. 
- Tem algo estranho acontecendocomigo. Tu gostas de mim?
-Claro que eu gosto de ti seu bobo. Ontem enquanto tu dormia eu descobri que gostava de uma forma diferente de ti. Tu me entendes? Sei que parece estranho. Eu nunca havia pensado em ti desse jeito. Me sinto culpado.
- Culpado pelo que , Dan?
-Eu sou teu primo, sou dez anos mais velho que tu, teus pais acabaram de falecer, eu deveria te proteger de todo o mal. E não te pertubar com os meus assuntos. Eu deveria te proteger...
- Eu sei me cuidar, não preciso desse tipo de proteção, cara.
-Foi o que eu pensei.
- Mas, Dan ... Eu não sei se quero. Daria certo?
-Por qual motivo não daria? Então vamos fazer assim, se pintar um clima entre nós, deixamos rolar, não interrompemos, ok?
Caio balança um sim com sua cabeça. E logo em seguida rouba um beijo de Dan.
- Desculpe achei que tinha rolado um clima entre nós.
- Eu também achei.







Alonso do Andes.




terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Agridoce

a campainha tocou despertando Caio do torpor causado pelas doses de caipirinha, ele deseja afugentar a angustia que lhe assombra. Do lado de fora da casa há um preocupado Dan, um triste e enlutado Dan, que parece um executivo soturno em um terno caro muito bem alinhado ao seu magro corpo. De samba-canção e envergonhado pela sua seminudez, Caio o atendeu. Conversas fúnebres se dão de certa forma tranquila quando as pessoas estão mais dispostas a beber do que a conversar. Dan entrega uma garrafa de vinho tinto a Caio: - Primo, eu estou aqui para te ajudar, algum problema urgente para resolver? - As sinceras palavras de Dan agigantam o abismo no rosto infate de seu primo; é evidente o desassossego em que se encontra Caio. Onde estará a sua jovialidade? Parece um homem de cinquenta anos. A casa esta organizada e silenciosa, haviam anos que Dan não entrava naquela residência, e não queria entrar nessas circunstâncias. Caio veste um robe e se dirigi até a cozinha para se servir de mais uma dose da bebida, sempre seguido por Dan que também se servi. - Menininho tu não estas bem. Eu estou preocupado, parece que não dormes faa dias. - Estou tão trapo assim? - o silencio respondeu- Me conta um pouco de ti, faz tempo que não nos falamos, nem conversamos direito. Como vai tua namorada? Qual é mesmo o nome dela? Tu tens namorada? - O nome dela é Audrey... - Por causa da Audrey Hepburn? - Sim, por causa dela. Tu conheces o trabalho dela? - "Bonequinha de lux0" é um clássico. É sempre bom conhecer os clássicos. - Sinceramente, acho que não há mais nada entre mim e ela. - Dan pára de falar para esvaziar seu copo e torna a encher. - Brigamos muito, brigávamos por causa de tudo, parece que somos melhores amigos um para o outro, mas somos adversários como casal, então faz uns dias que acabei... definitivamente dessa vez. Mas estou bem. E tu.... como andam as coisas por aqui esses dias? Queres conversar sobre alguma coisa? - Não, quero ficar quieto um pouco e pensar neles. Tem uma dor no meu peito, uma dor grande. Estou cansado, tive que resolver todas as questões do enterro e tenho que ler e resolver alguma questões com os advogados. Ainda bem que tu estás aqui. Tua presença me alivia a dor. Ainda não chorei, sabe eu não consigo chorar, e eles eram meus pais. - Quanto tempo tu não sai de casa? - Desde de segunda... depois do enterro. A conversa entre os primos se dá sem mais assuntos tristes e cansativos, então falam de tudo que é alegre para ambos. Até que tudo se torna escuridão para Caio. Vagarosamente Dan o carrega até seu quarto. Então fez-se a treva para os olhos de ambos. Aconchegados e despidos lado a lado foi a revelação que trouxe o sol. - Bom dia, acredito que temos algo para conversar. - Dan está sério, o coração de Caio para de bater um momento, não pode ser, ele não acredita que havia feito sexo com Dan, e este parece sério e aborrecido. Então enrolado no lençou Caio se senta e espera ''a conversa''.




Alonso dos Andes