Canto do escritor:
Sente-se e sinta-se à vontade!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A doce e erótica fragrância de juventude (Parte 1)

                                                                    
desde cedo eu soube o que sou e o quer o da vida; pus me logo a percorrer os caminhos que preciso para viver e ser feliz; eu nunca tenho problemas em decepcionar as pessoas, principalmente se agradar aos outros me torna infeliz; eu nunca cedi a ninguém minha própria satisfação


       Alexander York é um homem do mundo. Eupátrida, filho de uma antiga estirpe bretã. Alexander, Lex para os íntimos, tem um raro talento para fazer dinheiro se multiplicar e a despeito da decadência atual da aristocracia européia, ele consegue enriquecer e manter firme um modo de vida dispendioso, pois onde quer que vá leva consigo o seu dom.
     Ainda jovem vive inúmeras aventuras sexuais e amorosas como os mais belos homens do mundo, mas deixa a vida de aventuras no dia em que casa com Arthur MacCarthy, com este vive um casamento de conto de fadas que dura por quatro anos. Esta bela vida a dois finda com a morte prematura de Arthur. Ainda hoje Lex o ama profundamente. Três anos após enviuvar, ele ainda se encontra no mesmo lugar, um buraco frio e obscuro de nome depressão.
     Como um nato londrino, descendente de nobres, Lex sabe como ninguém mascarar a dor que sente com educação, parcimônia e qüid de frieza elegante. Não chora nem no descer do caixão de seu amado marido, embora seja este seu desejo, ele simplesmente não consegue. O luto dura oficialmente uma semana. passado este ínterim, volta a rotina : trabalho, musculação, natação, jiu-jitsu. Extraoficialmente, o luto é a pele que cobre seus músculos e ossos. Ele é o mais controlado dos seres humanos. Está ruindo por dentro, engolindo as seco toda essa amargura invisível aos olhos nus de seus pares.
    Esta noite Lex finalmente consegue externizar a agonia que sente com lágrimas, chora até entrar em colapso, mais um pouco de lágrimas e fica com a alma em coma. Arrasta-se até a cama com uma garrafa de seu melhor Scotch e um frasco de comprimidos morfínicos. Desespero o esmaga. Sente o hálito de um Anjo do Suicídio em sua nuca. Sorve em cinco minutos meia garrafa, quer ganhar coragem ou cir em sono profundo antes de engolir os comprimidos amargos que o encerrará. Providencialmente, toca a camapainha.
      Os cabelos castanhos-avermelhados aparecem primeiro, logo após surge o rosto saudável de homem feliz, bem alimentado, forte e viril de Steffano, juntamente com um sorriso ameno e gentil, quase despertando do coma sua  alma. Lex sente o aroma do desespero se dissipando lentamente.
     -Arrume as malas. Viajamos em poucas horas!
     Lex e Steffano se conhecem por acaso quinze anos atras em um lugar muito estranho para se encontrar um amigo. A época  Steffano é um jovem italiano perdido no mundo, sem saber que caminho tomar. Agora ele sabe que é chegada a hora de ser bussola para o amigo. A maior a habilidade deste empresario da Toscana não é seu tino comercial, e sim, uma incrível percepção dos movimentos secretos da mente humana. Essa sensibilidade o faz ler o coração das pessoas simplesmente olhando-as. Ele vê nitidamente a batalha interna de seu amigo nestes últimos anos silenciosos de luto; por sua sabedoria campesina nada demonstra ou comenta, apenas o ajuda sutilmente com a sua presença, mas Steffano sabe que depois de tres anos de luto e de dores na solidão, isto pode se torna cronico e perigoso.
     - Finalmente pedi o divorcio.
     - Essa viagem é para encontrar o garoto bruxo? - em anos esta é a primeira vez que Lex sorri verdadeiramente.
    - Sim.
    - E a Donattela?
    - Deixei tudo o que possui para ela. Graças aos céus não tivemos filhos.
    - Tudo?
    - Tudo, exceto as plantações e as fabricas.
    - Por um minuto fiquei preocupado contigo.
    - Essa viagem trará boas surpresas para nós dois, amicco.
    - Stef.... já estava mesmo na hora de sair do armário. Que bom, eu nunca te vi tão feliz, tranquilo, livre como hoje.
    - Eu vou casar com o Edgard!
    - E se ele não quiser?
    O sorriso tímido do italiano acende uma minuscula faisca de alegria dentro de Lex.

(fim da parte 1)

Alonso do Andes

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