Canto do escritor:
Sente-se e sinta-se à vontade!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A doce e Erótica Fragrância da Juventude (parte2)









nos últimos anos: vago por muitas cidades, choro intermitentemente em quartos de hoteis baratos noite após noite; dias a fio vago sem rumo, até finalmente encontrar um lugar aconchegante no mundo, onde paro de tremer e chorar, lugar onde eu consigo voltar a caminhar de cabeça erguida


    Ele é pura erupção vulcânica, uma fúria que não deve ser provocada. Traz consigo um olhar agressivo de felino não domado; é ousado sem deixar de ser o menino que é. Realmente é muito jovem,mas tem uma presença marcante e aparência extasiante. Sabe perfeitamente o que quer dar, o que vai receber e o que a  vida lhe tem na reserva. Seu nome, Tigre, este é um nome que ele faz jus; movimenta-se com maciez, agilidade, cheio de si e cheio de graça em cada um de seus passos. É tão sensual a forma como anda que deixa as pessoas por onde passa com um calor indescritível a correr em seus corpos.
     Tigre deita em uma praia sem movimentação, é apenas ele a comunicar-se com a natureza a sua volta; fica por alguns minutos com sua solidão até perceber uma figura pálida e distinta a movimentar-se etereamente pela areia. É um homem de aparência exausta vindo triste e claudicante em sua direção.
    - Olá! - o garoto fala com Lex apenas para verificar se este não é um fantasma.
     Alexander é um homem de proporções hercúleas, isto deixa Tigre trêmulo, apreensivo, quase arrependido por ter falado.
    - Ah! Olá! Menino o que você faz deitado aí?- Lex está tão cansado da longa viagem, está tão confuso com o fuso horário que se quer tem forças para esconder o abatimento físico e mental, fato que tranqüiliza o adolescente que está deitado na areia.
     Tigre olha para o homem recém-chegado, agora mais tranqüilo, olha-o de cima abaixo, duas, três vezes. Demora-se na virilha. Fixa os olhos lá, notando o volume,a maravilhosa seta de Eros completamente delineada na calça cáqui que de tão justa parece grudada ao corpo.
     Lex sempre gostou de pessoas decididas, que não disfarçam seus interesses, desejos e instintos e Tigre é instinto puro. Faz tanto tempo que ninguém o olha dessa forma, até ri da situação. Faz tanto tempo que não se sente atraente, já até esqueceu como é ser devorado por olhos sapecas de um menino guloso.
     - Estou admirando o fim do dia. - finalmente fala e volta a mirar o horizonte e o céu sem torna a olhar para o homem em pé ao seu lado. - Faço isto quando tenho tempo!
     -Nem me lembro a última vez que fiz isso.
     - Então, sente-se aí e aprecie o desperta da noite, é lindo deste ponto do mundo.- esta última frase traz sobre Tigre a curiosidade de Lex a seu respeito.
    Lex acende um cigarro e oferece outro a Tigre, que gentilmente recusa. Há a solidão fixa neste momento em que a natureza pinta uma obra de arte para dois pares de olhos lacrimejantes; está é uma situação cuja a lógica é incapaz de resolver. O cenário de uma praia deserta ao por-do-sol é extraordinariamente erótica, linda e raro, ao mesmo tempo é deprimente.
    O jovem se levanta bruscamente, puxando Lex pelo braço, que a este toque sente uma força invisível e desconhecida se chocar contra seu corpo.
    - O que foi rapaz?
    - É  melhor sairmos daqui, agora! É perigoso ficar aqui ao escurecer.
    Chegando a outra praia onde há movimento de pessoas Tigre se despede de Lex sem nada dizer. Este adolescente é inegavelmente atraente, tanto que em anos o inglês sente sua seta de Eros animar-lhe a alma comatosa, fica zonzo e sente-se estranho, precisa dormir, este é um dia que já teve duas noites, então Lex arrasta seu corpo moído pelo cansaço para o hotel onde está hospedado.

(Fim da parte 2)


Alonso dos Andes.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A doce e erótica fragrância de juventude (Parte 1)

                                                                    
desde cedo eu soube o que sou e o quer o da vida; pus me logo a percorrer os caminhos que preciso para viver e ser feliz; eu nunca tenho problemas em decepcionar as pessoas, principalmente se agradar aos outros me torna infeliz; eu nunca cedi a ninguém minha própria satisfação


       Alexander York é um homem do mundo. Eupátrida, filho de uma antiga estirpe bretã. Alexander, Lex para os íntimos, tem um raro talento para fazer dinheiro se multiplicar e a despeito da decadência atual da aristocracia européia, ele consegue enriquecer e manter firme um modo de vida dispendioso, pois onde quer que vá leva consigo o seu dom.
     Ainda jovem vive inúmeras aventuras sexuais e amorosas como os mais belos homens do mundo, mas deixa a vida de aventuras no dia em que casa com Arthur MacCarthy, com este vive um casamento de conto de fadas que dura por quatro anos. Esta bela vida a dois finda com a morte prematura de Arthur. Ainda hoje Lex o ama profundamente. Três anos após enviuvar, ele ainda se encontra no mesmo lugar, um buraco frio e obscuro de nome depressão.
     Como um nato londrino, descendente de nobres, Lex sabe como ninguém mascarar a dor que sente com educação, parcimônia e qüid de frieza elegante. Não chora nem no descer do caixão de seu amado marido, embora seja este seu desejo, ele simplesmente não consegue. O luto dura oficialmente uma semana. passado este ínterim, volta a rotina : trabalho, musculação, natação, jiu-jitsu. Extraoficialmente, o luto é a pele que cobre seus músculos e ossos. Ele é o mais controlado dos seres humanos. Está ruindo por dentro, engolindo as seco toda essa amargura invisível aos olhos nus de seus pares.
    Esta noite Lex finalmente consegue externizar a agonia que sente com lágrimas, chora até entrar em colapso, mais um pouco de lágrimas e fica com a alma em coma. Arrasta-se até a cama com uma garrafa de seu melhor Scotch e um frasco de comprimidos morfínicos. Desespero o esmaga. Sente o hálito de um Anjo do Suicídio em sua nuca. Sorve em cinco minutos meia garrafa, quer ganhar coragem ou cir em sono profundo antes de engolir os comprimidos amargos que o encerrará. Providencialmente, toca a camapainha.
      Os cabelos castanhos-avermelhados aparecem primeiro, logo após surge o rosto saudável de homem feliz, bem alimentado, forte e viril de Steffano, juntamente com um sorriso ameno e gentil, quase despertando do coma sua  alma. Lex sente o aroma do desespero se dissipando lentamente.
     -Arrume as malas. Viajamos em poucas horas!
     Lex e Steffano se conhecem por acaso quinze anos atras em um lugar muito estranho para se encontrar um amigo. A época  Steffano é um jovem italiano perdido no mundo, sem saber que caminho tomar. Agora ele sabe que é chegada a hora de ser bussola para o amigo. A maior a habilidade deste empresario da Toscana não é seu tino comercial, e sim, uma incrível percepção dos movimentos secretos da mente humana. Essa sensibilidade o faz ler o coração das pessoas simplesmente olhando-as. Ele vê nitidamente a batalha interna de seu amigo nestes últimos anos silenciosos de luto; por sua sabedoria campesina nada demonstra ou comenta, apenas o ajuda sutilmente com a sua presença, mas Steffano sabe que depois de tres anos de luto e de dores na solidão, isto pode se torna cronico e perigoso.
     - Finalmente pedi o divorcio.
     - Essa viagem é para encontrar o garoto bruxo? - em anos esta é a primeira vez que Lex sorri verdadeiramente.
    - Sim.
    - E a Donattela?
    - Deixei tudo o que possui para ela. Graças aos céus não tivemos filhos.
    - Tudo?
    - Tudo, exceto as plantações e as fabricas.
    - Por um minuto fiquei preocupado contigo.
    - Essa viagem trará boas surpresas para nós dois, amicco.
    - Stef.... já estava mesmo na hora de sair do armário. Que bom, eu nunca te vi tão feliz, tranquilo, livre como hoje.
    - Eu vou casar com o Edgard!
    - E se ele não quiser?
    O sorriso tímido do italiano acende uma minuscula faisca de alegria dentro de Lex.

(fim da parte 1)

Alonso do Andes